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(George Burns)

terça-feira, 1 de junho de 2010

TRUCULÊNCIA ISRAELENSE CONTRA COMBOIO HUMANITÁRIO NA FAIXA DE GÁZA

DA REDAÇÃO CLICK21 - A brasileira Iara Lee, que estava na frota interceptada por forças israelenses a caminho da Faixa de Gaza nesta segunda-feira (31), disse à TV Globo e ao jornal Folha de S. Paulo que "os israelenses começaram atacar de forma indiscriminada" e que chegaram atirando na cabeça dos passageiros.
Pelo menos nove ativistas foram mortos a tiros e dezenas ficaram feridos em confrontos com soldados israelenses durante a interceptação de uma frota de seis navios que tentava furar o bloqueio marítimo de Israel e levar ajuda humanitária à faixa de Gaza.
Iara está presa na cadeia da cidade de Beersheva, no sul de Israel, a 80 km de Jerusalém, e tem ajuda da Embaixada do Brasil em Israel. Ela será deportada.
Em entrevista à Globo, ela disse que os ativistas já esperavam alguma confrontação com tropas de Israel. "Foi uma coisa surpreendente porque foi no meio da noirte, na escuridão, em águas internacionais, porque a gente sabia que ia haver uma confrontação, mas não nas águas internacionais", disse ela. "Esperávamos que eles dessem tiros na perna, tiros no ar, só para aterrorizar as pessoas, mas foram direto. Eles atiraram na cabeça dos passageiros", afirmou a cineasta à Folha.
Os choques ocorreram a bordo da maior embarcação, onde havia cerca de 500 ativistas, a maioria turcos, quando a frota se encontrava em águas internacionais, a pouco mais de 70 km da costa de Israel.
O violento incidente deflagrou onda mundial de condenação a Israel, que se defendeu afirmando que os soldados foram forçados a responder a tiros a ataques desferidos pelos ativistas com facas, barras de ferro e, em alguns casos, armas de fogo.
Iara Lee é uma produtora e cineasta brasileira de ascendência coreana radicada nos EUA. Entre suas obras estão os documentários "Synthetic Pleasures" (1995), que trata do impacto da alta tecnologia sobre a cultura de massas, e "Modulations" (1998), sobre música eletrônica.

Protestos

O incidente com a frota obrigou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a interromper uma visita ao Canadá e aos Estados Unidos, onde iria se reunir com o presidente Barack Obama na terça-feira.
Em Ottawa, Netanyahu ressaltou que "lamenta" as perdas de vidas humanas, mas declarou que os soldados israelenses "tiveram que defender suas vidas".
Durante uma conversa por telefone com Netanyahu, Obama pediu que sejam reveladas "o mais rápido possível" as circunstâncias exatas da abordagem e "lamentou profundamente" as perdas de vidas humanas.
O Conselho de Segurança da ONU se reuniu com urgência para debater a intervenção israelense contra os seis navios que transportavam centenas de militantes pró-palestinos e toneladas de ajuda para Gaza.
Durante o debate público, o chefe da diplomacia turca, Ahmet Davutoglu, afirmou que Israel, que já foi um aliado estratégico de Ancara, "perdeu toda a legitimidade internacional", enquanto o representante de Israel na ONU, Daniel Carmon, acusou a frota de não ter "nada de missão humanitária".
A Turquia, que tem vários cidadãos entre as vítimas, acusou Israel de "terrorismo de Estado" e convocou seu embaixador em Tel-Aviv. O Estado hebreu pediu a seus cidadãos que não viajem à Turquia.
As autoridades israelenses, que haviam anunciado sua intenção de bloquear a "frota da liberdade" mesmo com o uso da força, acusaram os organizadores de terem "desencadeado a violência" a bordo do 'ferry' turco Mavi Marmara. Mas estes garantem que os comandos abriram fogo sem justificativa.
Imagens gravadas no Mavi Marmara mostram comandos vestidos de preto descendo de um helicóptero para o navio, depois confrontos com militantes a bordo, além de pessoas feridas caídas no convés.
"Amparados pela escuridão, os comandos israelenses desceram de helicópteros sobre o barco turco e começaram a atirar no momento em que seus pés tocaram o convés", segundo uma declaração divulgada no site do movimento Free Gaza.
"Fizemos todos os esforços possíveis para evitar esse incidente. Os militares tinham recebido instruções para que agissem como em uma operação de polícia e com o máximo de cautela", disse o porta-voz de Netanyahu, Mark Regev.
"Infelizmente, eles foram atacados com extrema violência pelas pessoas no barco, com barras de ferro, facas e tiros", ressaltou.
O chefe do Estado-Maior israelense, general Gaby Ashkenazi, afirmou que houve uma violenta explosão quando suas forças chegaram a bordo. "Foi premeditado, e havia armas, barras de ferro, facas, e, em um certo momento, armas de fogo talvez tenham sido usadas contra os soldados".
Mas o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan afirmou que os barcos tinham sido "rigidamente revistados" e que não continham nada além "de ajuda humanitária" e de "voluntários civis".
Após o ataque, os seis barcos foram encaminhados sob escolta para o porto de Ashdod (sul de Israel).
Oitenta e três ativistas são mantidos presos até o momento, sendo que 25 aceitaram ser expulsos, segundo a Polícia de Imigração. "Os outros vão para a prisão", afirmou, acrescentando que "outras centenas" de prisões estavam sendo esperadas durante a noite.
Para evitar eventuais "desordens" na terça-feira nas cidades árabes-israelenses, a polícia aumentou seu nível de alerta após a convocação de uma jornada de greve e de manifestações.
Várias manifestações de protesto contra o Estado hebreu foram realizadas na Jordânia, no Líbano, no Egito, no Irã, em Gaza, no Iraque e na Turquia, assim como em várias cidades europeias.
A ONU se disse "chocada" com o ataque e a União Europeia condenou "o uso da violência", exigindo uma "investigação completa". Os embaixadores israelenses em vários países ocidentais e árabes foram convocados.
O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, pediu "ação" e "uma declaração forte" das Nações Unidas ante o ataque militar.
Uma reunião especial da Otan está prevista para terça-feira a pedido de Ancara, assim como uma reunião extraordinária da Liga Árabe.


Fonte: Equipe Click 21 com AFP - Data: 01/06/10

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