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"Eu preferiria ser um fracasso em algo que amo, do que um sucesso em algo que odeio."
(George Burns)

sábado, 11 de julho de 2009

HONDURAS E A VOLTA AO PASSADO.


CRÉDITO DA IMAGEM: http://oferrao.atarde.com.br/?p=1249

Artigo do Jornalista Italo Gurgel, publicado no Jornal O Povo - Fortaleza, em 10 Jul 2009.

O golpe de estado em Honduras desperta o temor de um retrocesso na história da América Latina. Traz à memória o tempo em que ditadores ridículos – como, aliás, são todos os ditadores – se sucediam à frente de governos fantoches, teleguiados de Washington e protegidos pelos marines. Nos porões desses regimes, agentes da CIA treinavam as forças da repressão, transmitindo diligentemente os métodos mais eficazes para se extrair confissão sob tortura, providenciar um “desaparecimento”, disfarçar as provas de um assassinato político.

Desta vez, o Governo norte-americano se somou à condenação internacional e fez saber que o hondurenho Manuel Zelaya, preso e deportado para a Costa Rica, é o único presidente reconhecido pela Casa Branca. Não se sabe quanta sinceridade se colocou em declaração tão civilizada. Afinal, Zelaya frequenta um clube pelo qual Tio Sam não alimenta qualquer simpatia. Ele se alinha à Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA), bloco econômico antiliberal criado por Cuba e Venezuela e que já atraiu a Bolívia, Equador e Nicarágua. Nesse projeto alternativo à ALCA, Zelaya confraterniza com Hugo Chávez, troca figurinhas com Evo Moráles, parlamenta com Rafael Correa e Daniel Ortega, lideranças que incomodam o Império do Norte e que Washington muito apreciaria se fossem substituídas no tabuleiro do xadrez continental.

Ainda assim, Barack Obama reitera que “a América apoia o retorno do presidente democraticamente eleito de Honduras, apesar de ele se opor fortemente às políticas americanas”. Isto sinaliza que já não há clima, no Continente, para as aventuras golpistas da direita troglodita. A diplomacia norte-americana deve ter avaliado que, pelo caráter antidemocrático do putsch em Tegucigalpa e pelo precedente que ele envolve, mais vale condenar o golpe do que pactuar com seus protagonistas.

Quer queiram quer não os saudosistas de Pinochet, as Américas vivem a era da institucionalidade.

ITALO GURGEL
Jornalista
italogurgel@yahoo.com.br

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