Enquanto a campanha eleitoral não chega oficialmente às ruas, ao rádio e à TV, é na internet que se desenvolve o grosso do debate pré-eleitoral. Um dos episódios que mais está mobilizando os internautas interessados em política nos últimos dias é a polêmica em torno das recentes pesquisas eleitorais.
Sem espaço nos grandes veículos de comunicação, vários deles estão ocupando os blogs e o Twitter para denunciar indícios de manipulação na pesquisa Datafolha publicada no final de março.As últimas pesquisas dos institutos Sensus e Vox Populi mostram Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) em situação de empate técnico. Já o Instituto Datafolha divulgou dois levantamentos (um no final de março e outro neste final de semana) que mostram um cenário bem diferente, com pré-candidato tucano com 10 pontos de vantagem sobre a pré-candidata petista.Esta discrepância nos resultados levou muitas pessoas dos dois lados a desconfiarem dos números apresentados pelos institutos.Os levantamentos do Sensus e Vox Populi foram postos em dúvida por jornalistas da Folha de S. Paulo, que pertence ao mesmo grupo midiático do instituto Datafolha. Já a pesquisa do Datafolha está sendo questionada por diversos internautas. Sem espaço nos grandes veículos de comunicação, eles estão ocupando os blogs e o Twitter para denunciar indícios de manipulação na pesquisa publicada no final de março, cujos resultados foram confirmados pelo novo levantamento divulgado neste final de semana.As supeitas giram em torno da grande diferença no número de pessoas pesquisadas em São Paulo nos levantamentos do Datafolha de fevereiro em relação ao levantamento de março. Os blogueiros acreditam que o Datafolha aumentou no número de paulistas entrevistados pois como Serra é ex-governador do estado, tende a capitanear mais declarações de voto de paulistas do que de eleitores de outros estados.A primeira denúncia surgiu no blog Amigos do Presidente Lula. O blog estranhou a anormal elevação no número de bairros paulistanos onde a pesquisa foi realizada. Em fevereiro, o Datafolha apontou que pesquisaria em 18 bairros da capital paulista e, sem explicação aparente, este número saltou para 71 na pesquisa do final de março. (leia mais aqui)
Depois, o blog Amigos do Presidente Lula identificou outra anormalidade, desta vez no número de cidades paulistas incluídas nos dois levantamentos. Enquanto em fevereiro o Datafolha foi a campo em 25 cidades do estado, em março este número saltou para 55. (leia mais aqui)
Em seguida, o blog Guerrilheiro do Entardecer divulgou outros dados curiosos, mostrando que a amostragem (número potencial de pesquisados) da região sudeste cresceu 49,6%, enquanto das outras regiões caiu. No Nordeste, por exemplo, a amostragem caiu de 28,7% para 18,4%, uma redução de 35,9% no número de nordestinos ouvidos pelo Datafolha. O Nordeste, como se sabe, é a região onde Dilma tem maior apoio do eleitorado. "Na sua pesquisa de Março, o Datafolha aumentou fortemente o percentual de eleitores pesquisados na região Sudeste, que foi de 61,2%. E a imensa maioria destes, 48,1% dos eleitores pesquisados a nível nacional (2001 eleitores), eram paulistas. E 26% dos eleitores entrevistados no país inteiro eram da CIDADE de São Paulo (1081 eleitores)", relata o blog. (leia mais aqui)
Para que os indícios apresentados nos blogs sejam de fato identificados como manipulação seria preciso fazer um levantamento mais amplo dos dados apresentados pelo Datafolha e conhecer sua metodologia e seus critérios de definição de amostragem. Por enquanto, os blogs lançaram suspeitas. Mas como o assunto já está correndo feito rastilho de pólvora pela internet, seria prudente que o próprio Datafolha viesse a público esclarecer se houve ou não manipulação a favor de José Serra nas duas últimas pesquisas que realizou.Os partidos políticos também podem exigir os dados do instituto para analisar os números e tirar a limpo as denúncias.
Da redação, Cláudio GonzalezFONTE: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=127838
Um comentário:
Guerra de pesquisas
Caso o PT saia da catatonia e arranque um posicionamento do TSE, poderemos avaliar se as discrepâncias entre Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi se devem realmente a distorções de amostragem e apuração, como tantos acusam. Por enquanto, elas apenas evidenciam diferentes metodologias.
Quem já observou os bastidores desse tipo de levantamento sabe que é fácil induzir resultados usando apenas instrumentos legais ou tolerados. Faz toda a diferença entrevistar pessoas em trânsito ou nas residências, a ordem e o teor das perguntas, o tipo de apresentação dos candidatos.
Podemos levantar suspeitas sobre institutos que estimulam o entrevistado apenas citando os nomes de Serra e Dilma, não os apresentando como aliados de FHC e Lula, pois é assim que ambos serão identificados na campanha. Este é o consolo dos defensores da petista, e provavelmente o diferencial das enquetes que apontam o tal empate técnico. Eis porque a mídia conservadora tem tanto medo dessas associações.
A guerra de pesquisas é saudável, principalmente quando seus métodos são elucidados. O público escolhe em que acreditar. Não convém esperar muito da Justiça Eleitoral, mas já seria grande coisa se ela instituísse um pouco de transparência nesse burburinho estatístico.
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