Muito bom este texto de Glener Ochiussi, sobretudo para os "amantes de sofia!"...
* No dicionário de Latim: “Penso, logo existo”
De acordo com a filosofia greco-romana (da qual Sócrates é um dos precursores), a contestação é o princípio básico de qualquer ato filosófico. Porém contestar tudo o que está em nosso redor exige muita coragem, destreza e intelectualidade (se já na Grécia, imagine hoje).
Do século XVI ao XVIII surge na Europa ocidental as primeiras produções em larga escala de produtos manufaturados. O início do capitalismo tem por necessidade a divisão do trabalho manufaturado (segundo a teoria marxista). Como conseqüência desta divisão podemos citar a alienação daquela massa trabalhadora, sob a seguinte filosofia de vida: “Vivemos para nosso trabalho específico !”.
No século XVIII, ocorre o aparecimento na Europa do maior símbolo desta alienação; a Segunda Revolução Industrial (segunda metade do séc. XIX) representa a total perda de contestação. Como bem retratado no filme “Tempos Modernos” de Charles Chaplin: O homem tem por função única e exclusiva; trabalhar, trabalhar e trabalhar sem contestar. E assim continua até os dias de hoje.
Se Sócrates ou Platão fossem nossos contemporâneos certamente se surpreenderiam com o nível que chegou a alienação e a ignorância do ser humano. Dar a vida por uma filosofia de vida (como Sócrates fez na Grécia Antiga) seria hoje um tanto impensável. Muito mais provável seria morrer por uma mala de dinheiro em nosso mundo pós-moderno. Bonito este termo não?
Talvez podemos nos arriscar em dizer que a sabedoria no século em que vivemos é exatamente aquela que nos torna menos alienados e mais independentes (se isso é possível). Sócrates certamente não se arriscaria em argumentar sua absolvição ante nenhum congresso ou CPI, pois como ele bem sabia, a morte pode ser uma possibilidade de extensão e transformação desta vida. Do modo em que estamos caminhando para um incerto e obscuro futuro, você se arriscaria? Sócrates diria que sim.
É impressionante observarmos como nossas sociedades modernas perderam o sentido de vida, a busca por ícones norteadores e consequentemente contestadores. A globalização nos cede tudo a pronta-entrega e a função principal que nos diferenciava de nossos antigos ancestrais primitivos está se perdendo no ar. Quando,em toda nossa existência, estamos tão distanciados do pensar ? René Descartes no século XVII ficou famoso por sua célebre frase: “Penso, logo existo”, talvez esse incrível filósofo ficasse abismado nos dias de hoje ante nosso distanciamento do princípio básico da filosofia humanística: o pensar e raciocinar.
Adam Smith chegou a uma grande conclusão, quando no século XVIII proferiu a seguinte frase: “A fonte das desigualdades sociais está na divisão do trabalho”, ainda em seu clássico estudo “A riqueza das nações”, este afirma que para amenizarmos tal mal que padece em nossas sociedades (Europa Ocidental, séc. XVIII) devemos popularizar a educação em um certo nível mínimo para essa população operária. Porém, em um nível mínimo para evitarmos ressurreições e levantes, resultado do antagonismo de classes, diria Karl Marx.
Por certo, o próprio pai do liberalismo (Adam Smith) já admitira no século XVIII, que o sistema industrial implantado na Europa naqueles tempos iria engessar o pensamento crítico daquela massa (agora mais do que nunca) ignorante. Pois bem, o sistema industrial implantado alguns séculos atrás não modificou somente a vida profissional daqueles miseráveis, alterou também o próprio modus vivendi , onde o pensamento, o raciocínio e a contestação estavam fora de script.
Hoje não nos resta nenhuma alternativa se não a de encarar como eram felizes nossos cidadãos atenienses (dentre eles Sócrates e Platão) eram uma minoria, por certo, aquela que pensava e raciocinava naquela sociedade antiga. Porém nos dias de hoje (vulgarmente chamados de dias de progresso) estamos muito mais ignorantes, passivos e permissivos do que os piores cidadãos atenienses (intitulados assim por Sócrates). O pior de tudo? Não se fabrica mais homens como nossos antigos heróis gregos (filósofos no sentido literal da palavra), aqueles que aparecem são duramente reprimidos e desvalorizados por nossas sociedades alienadas e passivas. Estes “heróis” modernos são segregados não por irem contra as leis e regras dessas sociedades, mas sim por não falarem a língua geral desta massa alienada (vide quantos de nossos cidadãos consomem cultura em nosso país, muito poucos vos garanto). Para onde caminhamos? Desenvolvimento ou retrocesso?
• Leiam, se possível o texto Apologia a Sócrates, escrito por Platão. O texto pode ser encontrado gratuitamente no site: www.consciencia.org
Glener Ochiussi - Graduando em História pela faculdade Dom Bosco / Membro da equipe de História do Colégio Genaro Domarco - Mirassol / SP
* No dicionário de Latim: “Penso, logo existo”
De acordo com a filosofia greco-romana (da qual Sócrates é um dos precursores), a contestação é o princípio básico de qualquer ato filosófico. Porém contestar tudo o que está em nosso redor exige muita coragem, destreza e intelectualidade (se já na Grécia, imagine hoje).
Do século XVI ao XVIII surge na Europa ocidental as primeiras produções em larga escala de produtos manufaturados. O início do capitalismo tem por necessidade a divisão do trabalho manufaturado (segundo a teoria marxista). Como conseqüência desta divisão podemos citar a alienação daquela massa trabalhadora, sob a seguinte filosofia de vida: “Vivemos para nosso trabalho específico !”.
No século XVIII, ocorre o aparecimento na Europa do maior símbolo desta alienação; a Segunda Revolução Industrial (segunda metade do séc. XIX) representa a total perda de contestação. Como bem retratado no filme “Tempos Modernos” de Charles Chaplin: O homem tem por função única e exclusiva; trabalhar, trabalhar e trabalhar sem contestar. E assim continua até os dias de hoje.
Se Sócrates ou Platão fossem nossos contemporâneos certamente se surpreenderiam com o nível que chegou a alienação e a ignorância do ser humano. Dar a vida por uma filosofia de vida (como Sócrates fez na Grécia Antiga) seria hoje um tanto impensável. Muito mais provável seria morrer por uma mala de dinheiro em nosso mundo pós-moderno. Bonito este termo não?
Talvez podemos nos arriscar em dizer que a sabedoria no século em que vivemos é exatamente aquela que nos torna menos alienados e mais independentes (se isso é possível). Sócrates certamente não se arriscaria em argumentar sua absolvição ante nenhum congresso ou CPI, pois como ele bem sabia, a morte pode ser uma possibilidade de extensão e transformação desta vida. Do modo em que estamos caminhando para um incerto e obscuro futuro, você se arriscaria? Sócrates diria que sim.
É impressionante observarmos como nossas sociedades modernas perderam o sentido de vida, a busca por ícones norteadores e consequentemente contestadores. A globalização nos cede tudo a pronta-entrega e a função principal que nos diferenciava de nossos antigos ancestrais primitivos está se perdendo no ar. Quando,em toda nossa existência, estamos tão distanciados do pensar ? René Descartes no século XVII ficou famoso por sua célebre frase: “Penso, logo existo”, talvez esse incrível filósofo ficasse abismado nos dias de hoje ante nosso distanciamento do princípio básico da filosofia humanística: o pensar e raciocinar.
Adam Smith chegou a uma grande conclusão, quando no século XVIII proferiu a seguinte frase: “A fonte das desigualdades sociais está na divisão do trabalho”, ainda em seu clássico estudo “A riqueza das nações”, este afirma que para amenizarmos tal mal que padece em nossas sociedades (Europa Ocidental, séc. XVIII) devemos popularizar a educação em um certo nível mínimo para essa população operária. Porém, em um nível mínimo para evitarmos ressurreições e levantes, resultado do antagonismo de classes, diria Karl Marx.
Por certo, o próprio pai do liberalismo (Adam Smith) já admitira no século XVIII, que o sistema industrial implantado na Europa naqueles tempos iria engessar o pensamento crítico daquela massa (agora mais do que nunca) ignorante. Pois bem, o sistema industrial implantado alguns séculos atrás não modificou somente a vida profissional daqueles miseráveis, alterou também o próprio modus vivendi , onde o pensamento, o raciocínio e a contestação estavam fora de script.
Hoje não nos resta nenhuma alternativa se não a de encarar como eram felizes nossos cidadãos atenienses (dentre eles Sócrates e Platão) eram uma minoria, por certo, aquela que pensava e raciocinava naquela sociedade antiga. Porém nos dias de hoje (vulgarmente chamados de dias de progresso) estamos muito mais ignorantes, passivos e permissivos do que os piores cidadãos atenienses (intitulados assim por Sócrates). O pior de tudo? Não se fabrica mais homens como nossos antigos heróis gregos (filósofos no sentido literal da palavra), aqueles que aparecem são duramente reprimidos e desvalorizados por nossas sociedades alienadas e passivas. Estes “heróis” modernos são segregados não por irem contra as leis e regras dessas sociedades, mas sim por não falarem a língua geral desta massa alienada (vide quantos de nossos cidadãos consomem cultura em nosso país, muito poucos vos garanto). Para onde caminhamos? Desenvolvimento ou retrocesso?
• Leiam, se possível o texto Apologia a Sócrates, escrito por Platão. O texto pode ser encontrado gratuitamente no site: www.consciencia.org
Glener Ochiussi - Graduando em História pela faculdade Dom Bosco / Membro da equipe de História do Colégio Genaro Domarco - Mirassol / SP
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