PARA REFLETIR...

"Eu preferiria ser um fracasso em algo que amo, do que um sucesso em algo que odeio."
(George Burns)

quinta-feira, 6 de março de 2008

Correio da má notícia.

Transcrevo na íntegra Artigo publicado no Jornal "O Povo", de Fortaleza, em 29 de fevereiro passado, de autoria do Jornalista Ítalo Gurgel.

ARTIGO - 'O POVO' - 29.02.08
Correio da má notícia
por Ítalo Gurgel
Todos sabem da opção preferencial dos veículos de comunicação pela notícia negativa. Quanto mais catastrófico o fato, quanto mais sangue correr nas entrelinhas do texto, quanto mais escândalo transpirar de cada frase, mais espaço o episódio conquista nas páginas de jornal e noticiários da tevê. Lamenta-se que seja assim. Não é que a imprensa deva abdicar do direito - na verdade, o dever - de colocar o dedo na ferida, denunciando, apontando erros (sem fazer prejulgamentos) e também sugerindo caminhos de uma forma propositiva. O que se deplora é haver eleito como primeira, segunda e terceira prioridades a pauta perversa. Alguns editores parecem convencidos de que, ao público, só interessam a aberração, os aleijões da sociedade. Assim, a impressão que se tem é de que, quando as equipes de reportagem partem para uma cobertura, já saem orientadas para flagrar o que mais se enquadra na categoria "mundo cão". A boa nova não interessa. Trabalhando há anos na assessoria de comunicação de uma grande universidade pública, conheço de perto a dificuldade que representa transmitir informações positivas através da mídia comercial. A inauguração de um laboratório, onde se vão desenvolver pesquisas fundamentais, merecerá apenas algumas linhas num pé de página. Ou será completamente ignorada. Já se uma árvore tomba e causa estragos num veículo ou edificação, é certeza que, em poucos minutos, o acidente atrairá repórteres dos quatro cantos. Vêm jornal, rádio e tevê. Nesse cenário, é auspicioso o surgimento, em Fortaleza, da Agência da Boa Notícia, que intentará contrabalançar a avalanche de noticiário indigesto. A idéia é favorecer a uma cultura da positividade, levando os profissionais de comunicação a engajar-se na construção da paz. Quem sabe nós, jornalistas, aos poucos descobriremos que é bem mais prazeroso e construtivo propagar as boas novas do que mergulhar na face sombria da sociedade apenas para alardear suas desditas.
(Ítalo Gurgel - Jornalista)

Nenhum comentário: