Um Estado que se notabiliza por conceder invariavelmente votações fulgurantes a Paulo Maluf teve a oportunidade de se recompor moralmente com a votação esmagadora do comediante cearense: 1 milhão e 300 mil (e cacetada, diz ele) de votos.
A Folha (*), pág. A11, reproduziu parte da entrevista que este ordinário blogueiro teve a honra de fazer com seu colega de trabalho, o comediante Tiririca.
Diz o título preconceituoso da Folha (*): “Tiririca diz ainda não saber ‘bem’ o que deputado faz”.
Resposta que qualquer deputado eleito pela primeira vez e ainda não empossado poderia dar.
Quando eu perguntei se ele sabia o que ia dizer na primeira vez em que subisse ao púlpito e bradasse solenemente: “Senhor Presidente !”, ele respondeu com cara de malandro: começa que eu não sei o que é púlpito.
Resposta que a Folha registrou – a sério.
(A Folha teria registrado também a sério outra resposta dele à pergunta sobre como ele jogava futebol (se bem ou mal, estava implícito) e ele respondeu: em pé !)
Na verdade, quem entende de “púlpito” é o Padim Pade Cerra, como se vê neste vídeo patético em campanha contra os homossexuais.
E para o PiG (**) de São Paulo, Cerra é “a elite da elite”, como dizia a Veja.
Perguntei também a Tiririca: se ele fosse do “CQC” ou do “Casseta” – será que chamariam ele de “palhaço”, ou seria “comediante” ?
Comediante, ele respondeu.
A entrevista de Tiririca – que será reproduzida na RecordNews, nesta terça feira, às 21h15 – explica, primeiro, que ele sabe que deve sua votação consagradora à sua biografia: um nordestino sofrido que venceu na vida e quer acertar.
Os 1 milhão 300 mil (e cacetada) de eleitores não são cretinos.
Eles entenderam direitinho o que significava votar no Tiririca.
Como aquele um milhão de eleitores que elegeram o Clodovil por São Paulo.
O legado parlamentar do meu colega de trabalho Clodovil é exemplar – uma legislação impecável sobre como trabalhar a adoção de crianças (ele foi adotado).
E São Paulo deveria se orgulhar mais do deputado Clodovil do que do Paulo Maluf (o que fez Maluf por São Paulo, na Câmara, além de envergonhá-lo ?).
Perguntei a Tiririca se ele ia ser um deputado pelo Ceará, onde nasceu, ou por São Paulo.
E ele respondeu de forma mais articulada que o Cerra faria: pelos dois.
E será pelos dois.
E quando surgir uma votação em que esteja em jogo o interesse do Nordeste – disse o deputado Francisco Everardo – ele saberá, perfeitamente, distinguir onde está o interesse do Nordeste.
Como Clodovil e Lula, Tiririca é uma prova de que a democracia brasileira funciona.
E este ordinário blogueiro se orgulha disso.
Paulo Henrique Amorim
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
FONTE: www.conversaafiada.com.br
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