PARA REFLETIR...

"Eu preferiria ser um fracasso em algo que amo, do que um sucesso em algo que odeio."
(George Burns)

terça-feira, 28 de abril de 2009

Jorge Portugal: Supremo Ministro!


Foto: Celso Junior/AE

Naquele 22 de abril de 2009, nenhum nobre navegante português ousaria nos “descobrir”. Descobertos fomos pelos olhos e pela voz do primeiro negro que, com altivez e coragem, no topo da nau capitânia do judiciário, admoestou o pretenso comandante.
Naquele 22 de Abril de 2009,não caberia um 7 de setembro em que o filho do rei, futuro imperador do país, daria gritos de independência às margens de um riacho qualquer; ali, ouvimos o brado da liberdade e da insubmissão da voz abafada do povo, silenciada por séculos pelos donos do poder, através de sucessivos crimes de lesa-cidadania: “respeite, ministro! Vossa Excelência não tem condições de dar lição de moral em ninguém!”.
Naquele 22 de Abril de 2009, nenhuma princesa “bondosa”, assinaria uma vaga lei que nos concedia liberdade, mas nos cassava a condição de cidadãos, proibindo-nos o voto, a escola de qualidade e o trabalho digno; presenciamos sim, a abolição proclamada em nossas almas, 121 anos depois, pela voz corajosa de um Luís Gama redivivo, encarnando todos os quilombos massacrados e abrindo os portões de todas as senzalas:” Vossa Excelência não está nas ruas; está na mídia destruindo a credibilidade de nossa justiça!”.
Naquele 22 de Abril de 2009, nenhum marechal, de pijama, ousaria proclamar república nenhuma; o pacto de poder que condenou a maioria de nossa gente a ser um povo de segunda classe, viu-se desmascarado pela indignação patriótica de um João Cândido reeditado, que fez a chibata girar em movimento contrário, açoitando o lombo dos que se acostumaram a bater, por séculos a fio:”respeite, ministro! Vossa Excelência não está falando com seus capangas do Mato Grosso!”.
Naquele dia, Ogum, Xangô e Oxóssi desceram os três num corpo só, e reafirmaram a presença arquetípica da África dentro de nós.Todos os movimentos aparentemente derrotados dos nossos heróis anônimos puseram-se de pé, vitoriosos, mesmo que não tivessem vencido uma só batalha.A Revolta dos Búzios, a Revolução dos Malês, o Quilombo dos Palmares, todos, reencenaram seus teatros de operação e puderam, séculos depois, derrotar simbolicamente o inimigo.
Naquele dia, saíram às ruas todas as escolas de samba, de jongo, todos os blocos-afros; bateram os candomblés e as giras de umbanda, a procissão da Boa Morte , o Bembé do Mercado de Santo Amaro; brilharam os pequenos olhos da criança negra recém-nascida ao descortinar a luz azul de um futuro melhor.
Naquele dia, materializando todos os nossos sonhos e desejos secularmente negados, Vossa Excelência deixou de ser apenas um ministro do supremo tribunal federal para tornar-se o Supremo Ministro de todos os brasileiros.
*Jorge Portugal
Educador, poeta e membro do Conselho Nacional de Política Cultural.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

ELOGIO DA DIALÉTICA...


Aprendi "com a vida" e "na vida" (em meus estudos e nos movimentos sociais e políticos) que as coisas nem sempre acontecem conforme nosso desejo, nossa decisão e nossas atitudes. Somos seres sociais e como tais estamos inseridos numa tal "realidade" que é objetiva e concreta, e cristaliza-se em nosso cotidiano como algo a ser encarado (aceito ou não) como um processo dinâmico e "mutável". Buscar entender esta dinâmica e atuar sobre ela é tarefa complexa, mas ao mesmo tempo necessária!
Acho que o poema do alemão Bertold Brecht nos dá algumas pistas para tal tarefa!
Prof. Marcos Roberto - Marquinhos

Elogio da Dialética (Bertold Brecht)

A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.
Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.
Só a força os garante.
Tudo ficará como está.
Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.
No mercado da exploração se diz em voz alta:
Agora acaba de começar:
E entre os oprimidos muitos dizem:
Não se realizará jamais o que queremos!
O que ainda vive não diga: jamais!
O seguro não é seguro.
Como está não ficará.
Quando os dominadores falarem falarão também os dominados.
Quem se atreve a dizer: jamais?
De quem depende a continuação desse domínio?
De quem depende a sua destruição?
Igualmente de nós.
Os caídos que se levantem!
Os que estão perdidos que lutem!
Quem reconhece a situação como pode calar-se?
Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.
E o "hoje" nascerá do "jamais".

quarta-feira, 22 de abril de 2009

FOI REALMENTE PEDRO ÁLVARES CABRAL QUE DESCOBRIU O BRASIL??????

A HISTÓRIA É CONTADA PELOS VENCEDORES... ISSO É FATO!
AGORA, leiam a entrevista realizada em 2005 pela jornalista Thaís Barbosa com o também jornalista Rodolfo Espínola acreca de sua tese sobre o descobrimento do Braisil (por sinal tenho esse livro), disponível no endereço: http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=2277

Autor dos livros "Vicente Pinzón e a descoberta do Brasil" e "Conquistas e Tragédias", o jornalista Rodolfo Espínola conta como se apaixonou pela história do Brasil que não está nos livros da escola. E fala também de sua ligação com a área portuária.


Portogente – O que lhe motivou a escrever o livro “Vicente Pinzón e a descoberta do Brasil”?
Rodolfo Espínola - O meu livro Vicente Pinzón e a Descoberta do Brasil é o resultado da uma inquietação de um repórter. O escrevi basicamente por duas razões: 1 – por conhecer o assunto há mais de 10 anos, quando publiquei matéria de página inteira no Diário do Nordeste, em 1991, a partir de entrevista com o historiador Guarino Alves, já falecido, que defendia a tese do desembarque de Pinzón na ponta do Itapagé, no litoral cearense; e, 2 – por causa da maciça campanha da imprensa (o Brasil nasceu na Bahia) em fins de 1999, quando produzi uma série de 10 matérias (também de pagina inteira) para o jornal O Povo sobre Pinzón (o personagem), sua viagem e as derrapagens (intencionais ou não) sobre o Descobrimento do Brasil. Depois dessas matérias no O Povo, mergulhei com mais profundidade no assunto, pesquisando dentro e fora do Brasil, a partir de material que recolhi junto ao Patrimônio Histórico e Cultural da Marinha (do Brasil), no Arquivo das Índias, em Sevilha, na Torre do Tombo e Museu da Marinha (Portugal), Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho e entrevistas com professores doutores também dentro e fora do Brasil. Com esse material, apoiado em farta e rica documentação bibliográfica, passei um ano e meio para conclui-lo. Minha idéia, desde o primeiro instante não foi em nenhum momento reduzir ou minimizar Cabral nem a presença portuguesa, mas a de incluir na nossa historiografia esse personagem, Vicente Pinzón, perversamente colocado à margem dos nossos livros de historia sem nenhuma explicação plausível. Raros são os autores que tocam na prioridade espanhola. Muitos simplesmente o ignoram. É mais fácil e cômodo.

Portogente - Porque foi Pedro Álvares Cabral e não Vicente Pinzón que acabou levando as glórias do descobrimento do Brasil? Rodolfo Espínola - Essa é uma grande pergunta. Quase inexplicável. Vamos por parte: ao longo dos tempos (ai vão séculos) sempre se tentou transmitir uma idéia triunfalística da presença de Cabral no Brasil. Claro, ele teve os seus méritos, mas se colocarmos uma lente sobre sua viagem e seus resultados, verificaremos que o que aconteceu não foi tão retumbante assim. É claro que o colonizador teve especial interesse em criar em torno de Cabral uma imagem de grande navegador, que Portugal o teria mandado para a Índia, com uma escala no Brasil, na perspectiva de assumir novas terras. Nada disso é palpável: com todo respeito, Cabral nunca foi um grande navegador. Nunca tinha feito uma grande viagem. E nem existe documento que prove sua passagem intencional pelo Brasil. Ele, ao contrário, estudou para ser embaixador, um fidalgo, como sempre o foi. E em termos documentais, o que sobrou – e esta guardado na Torre do Tombo – é sua nomeação como capitão-mor para fazer uma viagem á Índia. Nada mais. Não existe pelo menos ate hoje qualquer elemento documental que prove (ou pelo menos insinue) sua escala pelo Brasil. Defendo a tese da sua passagem por aqui (como a de Pinzon também) por mero acaso.
Portogente – Se sua tese está correta porque ela não é descrita nos livros de história didáticos. E o que seria possível fazer para que isso mudasse?
Rodolfo Espínola – Veja o seguinte: em nenhum momento pretendi dizer que essa tese (que não é minha, afinal discute-se isso há mais de 100 anos, a partir de Capistrano de Abreu, Francisco Adolfo Varnhagen e outros respeitáveis historiadores do século XIX) é a verdadeira. É apenas uma tese, como, por exemplo, existem outras tanto defendendo esse ou aquele navegador. Existe, por exemplo, uma corrente de historiadores portugueses, a partir dos conceituados professores Jorge Couto e Joaquim Barradas que defende a presença de um navegador português (Duarte Pacheco Pereira) anterior ao Pinzon e ao Cabral, em 1498. É uma outra tese, uma outra argumentação que respeito profundamente, mas observo que “tudo o que foi colocado sobre esse navegador esta no patamar das especulações, condicionalmente, porque não existe nada de concreto em termos documentais”. Como existe, também, outra corrente que imagina ter sido o italiano Américo Vespucio o primeiro europeu a pisar em solo brasileiro. Respeito-as todas. Imagino que seria bastante interessante incluir essas informações nos livros de historia do Brasil, afinal de contas, naquele momento, o inicio do século XVI outras nações (importantes) da Europa estavam também buscando encontrar o tão desejado caminho para a Índia. A nossa historia falha quando não disseca esse e outros aspectos relacionados com a que poderíamos chamar de “corrida para a Índia”. Raros são os livros de historia que oferecem um pouco mais de informações sobre essa inquietação. No nosso caso particular, da historia do Descobrimento do Brasil, desloca-se, após meia dúzia de palavras sobre o desembarque cabralino, os contatos com os índios e as duas missas etc (em cima da carta de Caminha) para o período colonial. Veja: tão ou mais importantes quanto à carta de Pero Vaz existem as cartas do Piloto Anônimo e do Mestre João. São pouco conhecidas, entretanto são extremamente ricas em termos de informações. Respondendo especificamente a sua pergunta, informo que em 2002, o deputado Feu Rosa, do Espírito Santo, apresentou projeto de lei propondo a mudança do nome do descobridor, da data e do lugar do Descobrimento do Brasil. Referido projeto foi arquivado ano passado. Diante dos documentos que atestam o desembarque de Pinzón na Ponta do Mucuripe, em janeiro de 1500, praticamente não temos mais nenhuma duvida que este navegador foi o primeiro europeu a pisar em solo brasileiro. No litoral do Ceará, por exemplo, ele teria tocado em três locais distintos: na Ponta do Mucuripe, que ele chamou de Santa Maria de la Consolacion, no rio Fermoso (que corresponde hoje com a foz do rio Ruru) e na Ponta de Jericoacora. Esse é um assunto extremamente sério, complexo e, claro, polemico, afinal estamos tocando no inconsciente coletivo de um povo, de uma nação que há anos (e séculos) entendeu de outra forma o ponto zero do Brasil. Evidentemente que os conservadores não tem interesse em tocar neste assunto, embora seja muito fácil colocar um ponto final na historia para encerrar uma discussão.

Portogente – Qual seria o verdadeiro lugar onde Pinzón desembarcou: Mucuripe, Itapajé ou Santo Agostinho?
Rodolfo Espínola - Essa também é uma pergunta difícil, em razão de cada pesquisador defender o que lhe parece mais convincente. Pelos estudos que desenvolvi ao longo destes últimos cinco anos (com maior intensidade e, repito, não pretendo ser o dono da verdade), estou convencido (e aqui não vai nenhuma gota de bairrismo, acredite) que foi na Ponta do Mucuripe onde aconteceu o desembarque do primeiro europeu no Brasil. Foi o navegador Vicente Yanez Pinzón, no dia 26 de janeiro de 1500, no lugar que ele batizou de Santa Maria de la Consolación, local este que a moderna cartografia indica como sendo a Ponta do Mucuripe. E não sou eu quem está dizendo isso: o historiador paulista Francisco Adolfo Varnhagen, no século XIX, através do seu Historia Geral do Brasil, sustenta com forte argumentação essa versão. Agora, em 1975, o insuspeito e prestigiadíssimo (dentro e fora do Brasil) almirante Max Justo Guedes, ex-diretor do Patrimônio Histórico e Cultural da Marinha, refez milimetricamente a viagem de Pinzón, a partir de acurado estudo do mapa do cartógrafo Juan de la Cosa, e não deu outra: o desembarque de Pinzon teria acontecido mesmo na Ponta do Mucuripe, a 3º e 42 ” S. O que eu fiz: aluguei um helicóptero e, com um GPS na mão, foi bater em 3º e 42” S. Deu na Ponta do Mucuripe. (***). E mais: na Espanha, professores-doutores do porte de um Juan Manzano e Manzano, ex-diretor do Arquivo Geral das Índias, Jesus Marco Varela, da Universidade de Valadollid e Francisco Morales Padron através de minuciosos estudos revelam ter sido na Ponta do Mucuripe o desembarque de Pinzón. Daí o meu convencimento, em razão de nenhum deles ter interesse de apontar este ou aquele lugar para beneficiar este ou aquele lugar. Em relação à idéia do esforçado historiador Guarino Alves, que defendeu quando em vida a tese de Pinzón ter chegado inicialmente na Ponta do Itapagé, tal conjectura foi revista pelo próprio, a partir de uma troca de correspondência com o almirante Max Justo Guedes. E, quanto à versão segundo a qual Pinzón teria chegado em Santo Agostinho, realmente isso é verdadeiro: só que ele o fez em 1504, numa segunda viagem para a Índia, conforme está largamente comprovado por estudos de especialistas brasileiros e espanhóis. Mais um detalhe: o lépido navegador espanhol esteve uma segunda vez em Cabo de Santo Agostinho, em 1508, acompanhado pelo navegador Juan Dias de Solíz. Essa terceira viagem ao Brasil, passando por Santo Agostinho, está fartamente comprovada.

Portogente – Então, tudo indica que o Brasil foi descoberto em 26 de janeiro de 1500, em Mucuripe?
Rodolfo Espínola - A data 26 de janeiro aparece na maioria dos livros (e documentos) que relatam a primeira viagem de Pinzón, desde Pietro Anghuieria, Navarrete e outros importantes autores do século XVI. O mapa de Juan de la Cosa, elaborado em fins de 1500, foi decisivo para determinar o périplo de Pinzón no século XVI, a partir da sua descoberta no século XVIII, na França, e confirmada sua autenticidade pelo pesquisador Humbold. Mais recentemente, referido mapa foi submetido a exames técnico-científicos (carbono 14), quando teve sua idade confirmada. E mais: os relatos que falam da primeira viagem de Pinzón (para a Índia) informam ter ele saído da ilha de Santiago, no arquipélago do Cabo Verde, no dia 13 de janeiro para atingir Santa Maria de la Consolación exatos 13 dias depois, local este que corresponde com a Ponta do Mucuripe, a 3º42”S. O original do mapa de De la Cosa está, hoje, exposto no real Museu Naval de Madri, protegido por um forte esquema de segurança.

Portogente – Segundo seu livro Vicente Pinzón também foi o primeiro a chegar a Amazônia e a ver o fenômeno da pororoca, certo?
Rodolfo Espínola - No meu livro “Vicente Pinzón e a descoberta do Brasil” (único no Brasil dedicado exclusivamente a esse personagem e a sua viagem, com 326 paginas) relata a viagem de Pinzón de Santa Maria de la Consolaciona, (Ponta do Mucuripe) até Santa Maria de la Mar Dulce, no Amazonas. Tudo esta detalhadamente descrito pelo mapa de Juan de la Cosa. Em Palos de la Fronteira, cidade natal de Pinzón, conhecida como a “cunha dos descobrimentos”, atribui-se também a este navegador o titulo de descobridor do Amazonas, exatamente em função da minuciosa descrição que faz da região. Principalmente do Rio. Detalhe: ao longo do seu périplo, estimado entre 600 e 700 léguas, ele saiu dando nomes aos princípios rios e acidentes geográficos que encontrou. Depois do Santa Maria de la Mar Dulce, ele mandou que fosse colocado o seu nome no próximo grande rio. É o atual rio Oiapoque. Isso é fato. É historia. Está fartamente comprovado pela cartografia dos 500.

Portogente – Já que não está nos livros de história conte-nos um pouco quem foi Vicente Pinzón?
Rodolfo Espínola - Era um grande navegador que na sua juventude chegou a praticar a pirataria em águas mediterrâneas, na perspectiva de roubar açúcar para distribui-lo entre os moradores da pequena Palos. Era filho de Mayor e Martin Alonso Pinzón, nascido em 1461. Adulto, navegava com seus irmãos Martin Alonso, mais velho e o mais abastado e Francisco, comercializava sardinhas pelo Mediterrâneo e norte da Europa, como também por portos do norte da África. Foi um dos descobridores da América, na viagem pioneira de Colombo, em 1492. Era o comandante da Nina. Martin Alonso, o mais experiente comandava a Pinta. Foi ele quem salvou Colombo quando, regressando para a Espanha, naufragou a Santa Maria, na altura do Haiti, na noite de Natal de 1500. Aos irmãos Pinzón, Colombo ficou lhes devendo o êxito da missão (de descobrir a América, que eles pensavam tivessem chegando a Índia), e dinheiro (porque Martin Alonso cobriu parte das despesas para organizar a flotilha) e a vida, referente ao naufrágio da Santa Maria. Oito anos depois, devidamente autorizado pelos Reis Fernando e Isabel, desembarcou, acompanhado por cerca de 100 homens, no lugar por ele batizado de Santa Maria de la Consolación, comandando uma esquadra com as caravelas Frarley, Vicente Yanes, Pinta e Nina (essas duas eram as mesmas que estiveram na viagem de descobrimento da América). Referida viagem do ponto de vista econômico foi um fracasso, mas extremamente importante. Depois, em 1504, numa segunda viagem ao Brasil (provavelmente para tomar posse das terras lhes conferidas pelos Reis Católicos, conforme ato assinado no dia cinco de setembro de 1501, nomeando-o capitão governador das terras descobertas no ano anterior), ele atingiu o Cabo de Santo Agostinho no comando da caravela Gorda. Anos mais tarde, em 1508, com Juan Dias de Soliz, repetindo quase a mesma rota das duas viagens anteriores, ele passou pelo Cabo de Santo Agostinho, indo até Cabo Frio.

Potogente – Há quanto tempo você é jornalista, onde estudou e trabalhou? E o que lhe motivou a começar a escrever livros, já que está na metade de um terceiro projeto?
Rodolfo Espínola– Tenho mais de 30 anos de batente. Exatos 34, 30 dos quais como repórter para os veículos do Grupo Estado, desde O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Agencia Estado, Radio Eldorado e Broadcast Teleinformática. Fui um dos fundados da Agencia Estado (concebida numa saleta no sexto andar do prédio, da Major Quedinho, 28), com Alaur Martin, Luiz Salgado Ribeiro, Sircarlos Ramos e um grupo de repórteres do Estado. Ao longo de minha atuação no Estado participei de equipes que ganharam o Prêmio Esso (nacional) e da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), além de outros regionais e locais. Participei de coberturas nacionais e internacionais, sempre para O Estado, mas trabalhei igualmente para a antiga EBN (Empresa Brasileira de Notícias), que foi incorporada pela Radiobras e revistas do extinto Grupo Visão. Estudei Sociologia na Universidade de Fortaleza (Unifor) e atualmente estudo Historia na UVA. O trabalho que fiz sobre Pinzón, desde as primeiras reportagens até o meu primeiro livro (já terminei um segundo e já estou no meio de um outro) não foi mais do que uma grande reportagem investigava obedecendo às mais modernas técnicas do jornalismo. Não pretendo ser um ponto final nessa historia, nem me passar por eventual dono de uma verdade histórica. Longe disso, afinal, acredito que, quando se cuida da historia de uma Nação, toda discussão é alvissareira, ainda mais quando resulta em conclusões que estreitam os já consolidados laços de amizade entre povos irmãos, como a gente espanhola e brasileira.

terça-feira, 21 de abril de 2009

CELSO LUNGARETTI: TIRADENTES, O REVOLUCIONÁRIO

RECOMENDO A LEITURA DO SITE: www.patrialatina.com.br




“Brecht cantou: ‘Feliz é o povo que não tem heróis’.
Concordo. Porém nós não somos um povo feliz. Por
isso precisamos de heróis. Precisamos de Tiradentes.”
(Augusto Boal, “Quixotes e Heróis”)




Será que os brasileiros sentem mesmo necessidade de heróis, salvo como temas dos intermináveis e intragáveis sambas-enredo? É discutível. Os heróis são a personificação das virtudes de um povo que alcançou ou está buscando sua afirmação. Encarnam a vontade nacional.
Já os brasileiros, parafraseando o que Marx disse sobre camponeses, constituem tanto um povo quanto as batatas reunidas num saco constituem um saco de batatas...
O traço mais característico da nossa formação é a subserviência face aos poderosos de plantão. Os episódios de resistência à tirania foram isolados e trágicos, já que nunca obtiveram adesões numericamente expressivas.
Demoramos mais de três séculos para nos livrarmos do jugo de uma nação minúscula, como um Gulliver imobilizado por um único liliputiano.
E o fizemos da forma mais vexatória, recorrendo ao príncipe estrangeiro para que tirasse as castanhas do fogo em nosso lugar e à nação economicamente mais poderosa da época para nos proteger de reações dos antigos colonizadores.
Isto depois de assistirmos impassíveis à execução e esquartejamento de nosso maior libertário.
Da mesma forma, o fim da escravidão só se deu por graça palaciana e quando se tornara economicamente desvantajosa.
Antes, os valorosos guerreiros de Palmares haviam sucumbido à guerra de extermínio movida pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, que merecidamente passou à História como um dos maiores assassinos do Brasil.
E foi também pela porta dos fundos que nosso país entrou na era republicana e saiu das duas ditaduras do século passado (a de Vargas terminou por pressões estadunidenses e a dos militares, por esgotamento do modelo político-econômico).
Todas as grandes mudanças positivas acabaram se processando via pactos firmados no seio das elites, com a população excluída ou reduzida ao papel de coadjuvante que aplaude.

É verdade que houve fugazes despertares da cidadania:
em 1961, quando a resistência encabeçada por Leonel Brizola conseguiu frustrar o golpe de estado tentado pelas mesmas forças que seriam bem-sucedidas três anos mais tarde; em 1984, com a inesquecível campanha das diretas-já, infelizmente desmobilizada depois da rejeição da Emenda Dante de Oliveira, com o poder de decisão voltando para os gabinetes e colégios eleitorais; e em 1992, quando os caras-pintadas foram à luta para forçar o afastamento do presidente Fernando Collor.
Nessas três ocasiões, a vontade das ruas alterou momentaneamente o rumo dos acontecimentos, mas os poderosos realizaram manobras hábeis para retomar o controle da situação. Rupturas abertas, entre nós, só vingaram as negativas.
Vai daí que, em vez de heróis altaneiros, os infantilizados brasileiros são carentes mesmo é de figuras protetoras, dos coronéis nordestinos aos padins Ciços da vida, com especial ênfase em pais dos pobres tipo Getúlio Vargas e Luiz Inácio Lula da Silva.
Então, Zumbi dos Palmares, Tiradentes, Frei Caneca, Carlos Marighella, Carlos Lamarca e outros dessa estirpe jamais serão unanimidade nacional, como Giuseppe Garibaldi na Itália ou Simon Bolívar para os hermanos sul-americanos.
O 21 de abril é um dos menos festejados de nossos feriados. E o próprio conteúdo revolucionário de Tiradentes é escamoteado pela História Oficial, que o apresenta mais como um Cristo (começando pelas imagens falseadas de sua execução, já que não estava barbudo e cabeludo ao marchar para o cadafalso) do que como transformador da realidade.
Então, vale mais uma citação do artigo que Boal escreveu quando do lançamento da antológica peça Arena Conta Tiradentes, em 1967:
“Tiradentes foi revolucionário no seu momento como o seria em outros momentos, inclusive no nosso. Pretendia, ainda que romanticamente, a derrubada de um regime de opressão e desejava substitui-lo por outro, mais capaz de promover a felicidade do seu povo. (...) No entanto, este comportamento essencial ao herói é esbatido e, em seu lugar, prioritariamente, surge o sofrimento na forca, a aceitação da culpa, a singeleza com que beijava o crucifixo na caminhada pelas ruas com baraço e pregação (...) O mito está mistificado”.
Quando o povo brasileiro estiver suficientemente amadurecido para tomar em mãos seu destino, decerto encontrará no revolucionário Tiradentes uma das maiores inspirações.
Celso lungaretti, jornalista e escritor, mantém os blogs

http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/
http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/

ESTIVE E AINDA ESTOU UM TANTO QUANTO OCUPADO...

Amigos leitores...

Não abandonei o blog... Estou concluindo um trabalho e certamente ainda esta semana retornaremos nossas postagens!
Abços
Prof. Marquinhos

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O OUTRO LADO DA CRISE...

Jornal "O Povo" - Fortaleza - 17.04.09
O outro lado da crise
Italo Gurgel

A crise faz bem ao planeta. Sim, é possível lançar um olhar otimista sobre os acontecimentos, por mais catastróficos que eles sejam pintados pela mídia. Este ano, por exemplo, vai-se reduzir em 2% a emissão de CO² pelos aviões que cruzam o Atlântico. A pequena queda na movimentação de cargas e passageiros resulta do desaquecimento da atividade econômica mundial. Isto significa um pouquinho menos de agressão à camada de ozônio. E levíssima redução na incidência do câncer de pele. Constatações como esta deveriam deflagrar reflexões e atitudes com relação ao sistema capitalista, que hoje manipula hegemônico os cordéis da economia. A lógica arrasadoramente dominante é a da ditadura do crescimento. Fazer a economia crescer de forma continuada traz, supostamente, garantia de riqueza e conforto para as populações. O que ninguém discute é se essa nova riqueza está sendo repartida, está minorando os desequilíbrios sociais e reduzindo descompassos interregionais. Poucos se dão conta de que a cavalhada avança rumo ao abismo. O planeta não suporta os níveis de exploração a que está sendo submetido para atender às metas de crescimento impostas pelos governos e os grandes conglomerados econômicos. As reservas naturais (de óleo, de minerais, de água potável) vão esgotar-se muito cedo. A atmosfera vai-se tornar irrespirável. As mudanças climáticas vão aniquilar populações inteiras. E, abruptamente, a humanidade terá que recuar a um estilo de vida primitivo. Com o agravante de que haverá, então, bilhões de pessoas disputando a pouca área agricultável e os parcos recursos ainda disponíveis de caça e pesca. Há que derrubar a tirania do PIB e inaugurar novos conceitos. Daqui para frente, importa crescer em termos de qualidade de vida. O que não será fácil, pois, enquanto o Capital estiver no poder, prevalecerá, como verdade incontestável, o postulado do lucro e do crescimento a todo custo.

(Italo Gurgel - Jornalista)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

LULA ACHA VALOR DO PISO BAIXO...

A contagem regressiva para a paralisação do próximo dia 24 já começou. Vamos cruzar os braços 24 horas pela implementação do piso nacional em todos os estados e municípios. A lei sancionada pelo presidente Lula em julho do ano passado precisa ser cumprida.
É lamentável que governadores e prefeitos considerem o valor do piso alto, uma vez que até o presidente Lula já afirmou que gostaria de poder pagar mais. Durante o I Encontro Nacional de Comunicadores realizado em Brasília na semana passada, Lula disse que “pagar R$ 950 para uma mulher ou um homem ficar dentro de uma sala de aula o dia inteiro, tomando conta de 40, 50 crianças é ainda pouco” e se mostrou surpreso com a existência da ação contra o piso no Supremo Tribunal Federal.
Como o presidente Lula, acreditamos que um dos principais fatores para a melhoria do ensino público no país é um salário justo e o Piso Nacional do Magistério é apenas o início do caminho a ser trilhado para a nossa valorização. Por isso, queremos que o Supremo julgue o mérito da ação o mais rápido possível.

ASSIM NÃO PODE, ASSIM NÃO DÁ!

(fonte: www.caraubasrn.blogspot.com)

quinta-feira, 9 de abril de 2009

"PODER... EIS A QUESTÃO !?!?"

A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás;
mas só pode ser vivida, olhando-se para frente. (Kierkegaard)


Parece óbvio que o ser humano em seu penoso processo de "pensar" e entender a necessidade de se construir o amanhã melhor do que o hoje, tivesse a capacidade de olhar e visualizar além do que sua vista o mostra.
Mas não é bem assim!
Já dizia alguns pensadores: "quer conhecer alguém, dê poder a ele!"
Realmente... Existem pessoas que não tem capacidade cultural para suportar o poder sobre seus ombros. É difícil de acreditar, mas é real o fato de que Brasil afora (longe ou perto de nós) existam pessoas imbuídas em cargos públicos que se sentem - por isso - seres humanos melhores que seus subordinados (ou não).
É impressionante o fato de percebermos nessas "figuras folclóricas" o sentimento que lhes invade de que "são poderosos" e portanto os demais tem de curvar os joelhos diante deles...
A vida ensina outra coisa e é importante refletirmos nesses dias da Paixão de Cristo e da Páscoa e repensar nossos atos e atitudes!
Faço minhas as palavras do grande e fantástico Dom Helder Câmara: "Ótimo que a tua mão ajude o vôo... Mas que ela jamais se atreva a tomar o lugar das asas..."

quarta-feira, 8 de abril de 2009

CNE aprova novas diretrizes de Carreira para o Magistério

O Conselho Nacional de Educação aprovou na quinta-feira, (02), o parecer e projeto de Resolução que fixam as Novas Diretrizes Nacionais de Carreira e Remuneração dos Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública. O documento servirá de base para que os Sistemas de Ensino da União, dos Estados, do DF e dos Municípios elaborem suas respectivas leis do magistério até o dia 31 de dezembro deste ano.
As novas diretrizes tratam da conceituação de magistério, das fontes de financiamento da sua remuneração, dos critérios de ingresso e progressão na carreira, das condições de trabalho e dos critérios de avaliação profissional.
O secretário de assuntos educacionais da CNTE, Heleno Araújo Filho, destaca algumas vantagens do texto: “Ele incentiva a dedicação exclusiva do professor a uma escola, detalha o direito a remoção do profissional entre os entes federados e propõe a licença sabática a cada sete anos de trabalho para que o professor estude”.
Segundo ele, a aprovação das novas diretrizes é importante para a valorização do magistério, mas ainda não contempla todas as reivindicações da CNTE, exatamente por limitar-se ao magistério. Para Heleno, “as diretrizes deveriam ser unificadas, englobando professores, funcionários, ativos e aposentados”, explica.
A proposta, discutida há mais de um ano, já foi submetida a três audiências públicas nacionais e dezenas de reuniões específicas. Segundo o Presidente da Câmara de Educação Básica do CNE, Cesar Callegari, o conselho “acertou ao democratizar o debate de algo tão fundamental para a carreira do pessoal docente”.
O texto aprovado pelo CNE substitui a antiga Resolução nº. 03/97, que estabelece as Diretrizes para os Novos Planos de Carreira e de Remuneração para o Magistério dos Estados, Distrito Federal e Municípios. O documento agora segue para homologação do Ministro da Educação, Fernando Haddad.
FONTE
:
http://www.cnte.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1785&Itemid=85

sexta-feira, 3 de abril de 2009

JUSTIÇA...

Achei por demais interessante que possamos refletir sobre este texto de autoria de José Saramago...
Deveriam pensar sobre ele, algumas pessoas que esqueceram que possuem coração e mente! E que vivem e convivem num mundo de humanos (humanos desejos e humanos sentimentos!).
Mas aqui este texto vai diretamente para a maneira como "alguns" trataram o movimento grevista dos trabalhadores e trabalhadoras em educação...

"... a Justiça continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste instante em que vos falo, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que dela esperavam o que da Justiça todos temos o direito de esperar: justiça, simplesmente justiça.Não a que se envolve em túnicas de teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não a que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira quotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais exacto e rigoroso sinônimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão indispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é o alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, sem dúvida, sempre que a isso os determinasse a lei, mas também, e sobretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria sociedade em ação, uma justiça em que se manifestasse, como um iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser que a cada ser humano assiste."